Conheça a UHE-Tucuruí, uma das maiores hidrelétricas do Brasil, sua importância energética e os impactos sociais no Pará. - DIÁRIO DO CARLOS SANTOS

Conheça a UHE-Tucuruí, uma das maiores hidrelétricas do Brasil, sua importância energética e os impactos sociais no Pará.

UHE-Tucuruí: Uma Obra Federal de Grande Importância Para o Brasil no Interior do Pará


Por: Carlos Santos



Eu, Carlos Santos, venho mais uma vez trazer à tona um tema que mexe com a história, com o futuro e principalmente com o coração do Brasil profundo: o interior do Pará. Entre tantos textos diversos que escrevo conforme a fluidez da vida, hoje decidi falar de uma verdadeira obra-prima da engenharia brasileira, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí (UHE-Tucuruí). Não apenas uma barragem, mas um marco de desenvolvimento, contradições e debates. Um assunto que merece ser explorado com profundidade.


O Gigante Silencioso do Norte

🔍 Zoom na realidade

Localizada no rio Tocantins, no coração do Pará, a UHE-Tucuruí é uma das maiores usinas hidrelétricas do mundo em capacidade instalada. Seu impacto, no entanto, vai muito além da produção de energia. É um ponto de interseção entre crescimento econômico, questões ambientais, deslocamento populacional e soberania energética.

🛠 Da concepção à inauguração

A história da UHE-Tucuruí remonta ao período do regime militar no Brasil. A concepção do projeto foi realizada ainda no início dos anos 1970, como parte de um ambicioso plano de infraestrutura energética para o país. As obras de construção começaram oficialmente em 1975, durante o governo do presidente Ernesto Geisel, sob coordenação da Eletronorte.

O projeto visava aproveitar o potencial hidrelétrico do rio Tocantins, garantindo fornecimento energético para o Norte do país e para projetos industriais estratégicos na região.

Após quase uma década de obras, a primeira etapa da usina foi inaugurada em 22 de novembro de 1984, pelo então presidente da República João Figueiredo, último chefe de Estado do regime militar. Esta fase inicial contava com 12 unidades geradoras e marcou o início da operação de uma das mais importantes hidrelétricas brasileiras.

A segunda etapa da UHE-Tucuruí foi concluída em 2007, ampliando significativamente sua capacidade instalada e consolidando sua posição como peça-chave na matriz energética do país.

Desde então, tem gerado energia suficiente para abastecer vários estados brasileiros, principalmente no norte e nordeste.

No entanto, a realidade em torno da usina é mais complexa. Comunidades ribeirinhas foram deslocadas, a fauna e flora da região foram drasticamente alteradas, e questões socioambientais persistem até hoje. Como bem se sabe, nem tudo é energia limpa quando se fala de grandes hidrelétricas.

Um dos erros mais comuns ao se falar da Tucuruí é esquecer das populações que vivem em seu entorno. Muitas dessas famílias perderam suas terras, suas casas e, sobretudo, seus modos de vida. Falar da usina é falar de progresso, mas também de ausências, de silêncios e de resistências.

📊 Panorama em números

A grandiosidade da UHE-Tucuruí impressiona quando olhamos os dados:

  • Capacidade instalada: 8.370 megawatts (MW), sendo a maior do Brasil até a entrada de Itaipu e Belo Monte.

  • Reservatório: 2.875 km² de área alagada, o equivalente a quase duas cidades de São Paulo.

  • Investimento: Estimado à época em mais de US$ 5 bilhões.

  • Deslocados: Mais de 30 mil pessoas diretamente afetadas.

  • Biomas atingidos: Floresta amazônica e cerrado.

Segundo dados da Eletronorte e da ANEEL, a usina responde por cerca de 7% da capacidade hidrelétrica instalada do país. Mas o que salta aos olhos é que, apesar de tanta energia gerada, o entorno da usina ainda sofre com precariedade no acesso à eletricidade, à educação e à saúde.

O paradoxo é gritante: energia farta sendo transmitida para centros urbanos distantes, enquanto comunidades vizinhas vivem no escuro.

💬 O que dizem por aí

Muitas vozes ecoam sobre Tucuruí. Ambientalistas denunciam os impactos irreversíveis ao ecossistema e a pouca transparência nas medidas mitigadoras. Populações locais, por sua vez, relatam abandono e promessas não cumpridas.

O professor João Furtado, da Universidade Federal do Pará (UFPA), afirmou em entrevista recente: “A Tucuruí é exemplo de uma obra pensada de cima para baixo, onde o lucro e a produção superaram a escuta e o planejamento social.”

Por outro lado, setores da indústria elogiam a estabilidade energética proporcionada pela usina, essencial para o funcionamento de grandes projetos de mineração e metalurgia na região.

Essa dualidade de opiniões reflete o Brasil que somos: dividido entre progresso e inclusão, entre riqueza e desigualdade, entre desenvolvimento e sustentabilidade.

🧱 Caminhos possíveis

Não se trata de demonizar a obra, mas de refletir sobre caminhos mais equilibrados. A energia gerada é importante, mas é essencial que a população que convive com a barragem também usufrua dos seus benefícios.

Programas de compensação ambiental mais eficazes, inclusão das comunidades em decisões, melhoria da infraestrutura local e incentivo às energias alternativas podem mudar o jogo. Aliás, por que não transformar Tucuruí também em polo de energia solar?

Os erros do passado não podem ser corrigidos com discurso, mas com ação. Se queremos um Brasil mais justo, precisamos ouvir mais e decidir juntos.

🤔 Para pensar…

Não é curioso que, mesmo com tanta energia gerada, ainda falte luz para muitos? A Tucuruí nos convida a pensar sobre o que é progresso e para quem ele serve. Será que ainda sabemos medir o verdadeiro valor de uma obra?

Num mundo cada vez mais consciente, a UHE-Tucuruí é um retrato de um tempo em que crescer era sinônimo de construir grande. Hoje, crescer talvez signifique incluir mais, cuidar melhor e ouvir com atenção.

📚 Ponto de partida

Para compreender a Tucuruí de forma completa, é preciso revisitar seu histórico, suas fases, os atores envolvidos e os documentos produzidos. Leis ambientais, relatórios da ANEEL, estudos de impacto e depoimentos orais.

A leitura recomendada inclui:

  • "Energia e Exclusão", de Philip Fearnside.

  • Dossiê Tucuruí, do Instituto Socioambiental.

  • Relatórios anuais da Eletronorte.

Esses são apenas alguns caminhos para um mergulho mais crítico e profundo.

📦 Box informativo 📚 Você sabia?

  • A barragem da Tucuruí tem 7,6 km de extensão.

  • Mais de 10 tipos de peixes sofreram redução populacional após a formação do lago.

  • Tucuruí foi a primeira usina 100% nacional, sem ajuda de empresas estrangeiras.

  • Seu lago artificial é maior que o Distrito Federal.

  • Há projetos de turismo não implementados até hoje.

🗺 Daqui pra onde?

O futuro das grandes hidrelétricas está em xeque. Com o crescimento das energias renováveis e pressões ambientais, o modelo de Tucuruí talvez não se repita.

O desafio está em conciliar sustentabilidade com soberania energética. Tucuruí pode servir como aprendizado, mas é preciso que esse aprendizado se traduza em escolhas mais justas, sustentáveis e participativas.

🌐 Tá na rede, tá oline

As redes sociais fervilham com debates sobre grandes obras. Influenciadores ambientais, pesquisadores e moradores locais compartilham suas opiniões. Uma pesquisa rápida por "Tucuruí" no Twitter, YouTube ou TikTok revela um mosaico de experiências que vão muito além das estatísticas oficiais.

"O povo posta, a gente pensa. Tá na rede, tá oline!"



Reflexão final

A Tucuruí é mais do que uma usina. É um espelho do Brasil: forte, desigual, cheio de potencial e de desafios. Que saibamos usar sua energia não apenas para iluminar cidades, mas consciências.


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