Entenda a polêmica ordem dos EUA sobre o TikTok. Exploramos o controle do algoritmo, os impactos na geopolítica e na liberdade digital.
O Veredito de Washington: A Batalha pelo Algoritmo do TikTok e a Nova Ordem na Internet
Por: Carlos Santos
O mundo digital é um campo de batalha, e as munições são dados, algoritmos e influência. Como eu, Carlos Santos, tenho acompanhado de perto as transformações que moldam a nossa era, a recente notícia vinda de Washington me fez parar e respirar fundo. Quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina uma ordem de execução para que o TikTok tenha seu algoritmo parcialmente controlado por empresários americanos, não estamos falando apenas de uma plataforma de vídeos. Estamos testemunhando um dos movimentos mais decisivos na guerra fria tecnológica entre as maiores potências do planeta, e o alvo não é um país, mas sim a mente de bilhões de pessoas.
A decisão, vista por muitos como uma medida de segurança nacional, levanta questões profundas sobre soberania digital, liberdade de expressão e a própria natureza da internet como a conhecemos. O que está em jogo não é apenas o futuro de um aplicativo, mas o precedente que se cria para o controle de informações e a disputa pela narrativa global. Estamos à beira de uma nova era onde a propriedade e o controle de plataformas digitais se tornam extensões diretas do poder geopolítico.

Donald Trump assina documento oficial (Foto: REUTERS/Ken Cedeno)
🔍 Zoom na realidade
O TikTok, hoje, não é apenas um lugar para dancinhas virais e desafios engraçados. É uma força cultural e econômica que dita tendências, lança carreiras e influencia o pensamento de milhões. Sua ascensão meteórica, impulsionada por um algoritmo de recomendação misteriosamente eficaz, o tornou um fenômeno global. Mas sua origem chinesa, sob a guarda da empresa ByteDance, sempre foi motivo de desconfiança para os líderes ocidentais. A acusação é antiga e persistente: a possibilidade de que o governo chinês possa, em teoria, acessar dados de usuários ou manipular o conteúdo que lhes é mostrado.
A recente ordem executiva dos EUA não busca o banimento total, mas uma "americanização" parcial. A proposta é simples e complexa ao mesmo tempo: uma parte do algoritmo, especificamente a que decide o que o usuário vê, seria gerenciada por uma entidade americana. A ideia por trás disso, segundo fontes do Departamento de Comércio dos EUA, é garantir a "integridade" e a "segurança" das informações que circulam na plataforma. Em essência, os EUA estão dizendo: "Temos que garantir que o que é mostrado ao nosso povo não seja uma ferramenta de propaganda ou influência estrangeira maliciosa". Isso, na prática, significa um novo capítulo na disputa por controle sobre a informação.
A medida também reflete a paranoia crescente em relação à China. Não se trata apenas de dados. Trata-se do poder de moldar a percepção da realidade. Se o algoritmo do TikTok puder ser usado para destacar certas notícias, suprimir outras, ou até mesmo influenciar eleições, a ameaça se torna tangível. A ordem, portanto, é um passo para mitigar essa ameaça percebida, mas levanta a questão: um governo deve ter o direito de intervir no funcionamento de uma empresa privada, mesmo que seja por razões de segurança nacional? A linha entre proteger e controlar é tênue.
📊 Panorama em números
Para entender a dimensão da questão, é preciso olhar para os números. O TikTok se tornou uma potência inquestionável.
1 bilhão de usuários ativos mensais: Essa é a escala global do TikTok. Desses, mais de 150 milhões estão nos Estados Unidos, tornando o país seu maior mercado. (Fonte: Relatórios de mercado da Sensor Tower, 2024).
Tempo médio de uso diário: Os americanos, em média, passam 85 minutos por dia no aplicativo, superando o tempo gasto no Facebook e Instagram combinados. Isso mostra o poder de engajamento do algoritmo.
3.4 bilhões de downloads: O aplicativo foi o mais baixado do mundo nos últimos anos, um feito que demonstra sua penetração global e a velocidade com que se espalhou.
Valor de mercado da ByteDance: A empresa-mãe do TikTok, a ByteDance, está avaliada em mais de 250 bilhões de dólares. Isso a coloca como uma das startups mais valiosas do mundo, e seu principal ativo é o seu algoritmo.
Investimento em lobby nos EUA: A ByteDance investiu milhões de dólares em lobby em Washington para tentar reverter as ações do governo, mostrando o quão sério o tema é para a empresa. Em 2023, o valor ultrapassou os 10 milhões de dólares, de acordo com registros públicos.
Esses números não são apenas estatísticas frias. Eles representam o alcance, a influência e o valor de uma tecnologia que está agora no centro de uma disputa geopolítica. O controle sobre o algoritmo é, portanto, o controle sobre uma fatia significativa da atenção humana e do fluxo de informações no mundo.
💬 O que dizem por aí
A decisão gerou um debate acalorado, com vozes de todos os lados. Especialistas em tecnologia, legisladores e até mesmo o público em geral têm opiniões divergentes.
Segundo James Lewis, um renomado especialista em segurança cibernética do Center for Strategic and International Studies (CSIS), a ordem executiva é uma "abordagem pragmática para um problema real". Ele argumenta que "o algoritmo do TikTok é uma caixa preta. Ninguém sabe como ele funciona por completo, e permitir que uma entidade estrangeira controle o que uma parte substancial da população americana vê é um risco inaceitável para a segurança nacional". Lewis vê a medida não como um ataque à liberdade de expressão, mas como uma forma de garantir que as plataformas não possam ser usadas para manipular o debate público.
Por outro lado, há a crítica de que a ordem é um precedente perigoso. Trevor Hughes, presidente da International Association of Privacy Professionals (IAPP), manifestou preocupação. "A intervenção do governo no código de uma empresa privada, mesmo que por razões de segurança, abre a porta para o controle de outras plataformas", disse Hughes. "Hoje é o TikTok, amanhã pode ser o YouTube ou o Facebook. O que define 'segurança nacional'? É uma definição muito ampla e pode ser usada para justificar qualquer tipo de intervenção".
A própria ByteDance, em um comunicado oficial, lamentou a decisão, afirmando que a ordem "ignora a realidade de que o TikTok tem tomado medidas sem precedentes para proteger os dados de seus usuários americanos". A empresa reiterou que o governo chinês não tem acesso aos dados e que a ordem é "motivada por razões políticas e não por uma preocupação genuína com a segurança". Essa batalha de narrativas mostra que a questão não é apenas técnica, mas profundamente ideológica.
🧭 Caminhos possíveis
A decisão do governo americano pode levar a vários desdobramentos, cada um com suas próprias implicações.
Aprovação e implementação: Se a ordem for implementada, o TikTok teria que se adaptar. Isso poderia levar à criação de uma nova entidade nos EUA, supervisionada por americanos, que seria responsável pela gestão do algoritmo de recomendação para os usuários do país. Isso poderia mitigar as preocupações de segurança, mas criaria um "TikTok americano" diferente do resto do mundo, levantando questões sobre a globalidade da internet.
Batalha judicial: A ByteDance, a empresa-mãe do TikTok, pode e provavelmente irá recorrer à justiça americana para contestar a ordem. Eles podem argumentar que a medida é inconstitucional, uma vez que viola a liberdade de expressão e de mercado. O caso pode se arrastar por anos e criar um precedente legal sobre a extensão do poder do governo para regular plataformas digitais.
Venda do TikTok: Uma opção, já ventilada em momentos de alta tensão, é a venda da operação americana do TikTok para uma empresa dos EUA. Isso resolveria a questão da propriedade chinesa, mas é uma solução complexa e de alto risco. Quem compraria? Seria um acordo justo? E o que aconteceria com os dados e o algoritmo já existentes?
Criação de novos padrões: A pressão sobre o TikTok pode levar à criação de novos padrões de transparência para plataformas digitais. Outros países podem seguir o exemplo dos EUA e exigir que os algoritmos sejam mais abertos e auditáveis, criando um novo marco regulatório global para as redes sociais.
Não há um caminho fácil ou claro. A decisão de Washington é um jogo de xadrez de alta complexidade, e cada movimento pode ter consequências inesperadas.
🧠 Para pensar…
A ordem de execução levanta uma questão filosófica: quem deve controlar o fluxo de informação em uma sociedade? A resposta, no mundo ideal, seria "ninguém", mas a realidade é que os algoritmos já fazem esse trabalho. Eles são os novos guardiões do conhecimento e da atenção. Se a segurança nacional pode ser usada como justificativa para intervir em um algoritmo, qual é o limite?
O perigo não está apenas na intervenção de um governo sobre uma empresa, mas na normalização desse tipo de controle. Se hoje o inimigo é a China, amanhã pode ser qualquer país cujas ideias não estejam alinhadas com as de Washington. Isso cria uma internet fragmentada, onde cada nação tem sua própria versão da realidade. O que era uma rede global e sem fronteiras, pode se transformar em um mosaico de "internets" nacionais, controladas por seus respectivos governos.
Essa fragmentação já acontece em menor escala, com países como a China e a Rússia criando suas próprias "grandes firewalls". A questão é se as democracias ocidentais, que por tanto tempo criticaram esses modelos, começarão a adotá-los, mesmo que de forma mais sutil.
O debate nos força a refletir sobre a natureza do poder na era digital. Antes, o poder era medido pelo exército, pela economia e pela capacidade industrial. Agora, é medido pela capacidade de influenciar mentes e moldar narrativas. O algoritmo é a arma mais poderosa do século XXI, e a disputa por seu controle é, na verdade, uma disputa pela hegemonia global.
📈 Movimentos do Agora
A ordem executiva americana é o ápice de um movimento que vem se desenrolando há anos. O TikTok não é a primeira plataforma chinesa a enfrentar o escrutínio dos EUA. A Huawei, empresa de telecomunicações, foi banida do mercado americano por preocupações com espionagem. A diferença é que a Huawei opera no nível da infraestrutura, enquanto o TikTok opera no nível cultural e social. Isso torna o caso do TikTok mais sensível e popular.
O movimento reflete uma mudança na política externa americana, que está cada vez mais focada na competição com a China. Os EUA estão usando todas as ferramentas à sua disposição - sanções comerciais, pressão diplomática e, agora, ordens executivas - para conter o que veem como o avanço da influência chinesa. A ordem sobre o TikTok é uma peça nesse quebra-cabeça maior, um sinal de que a "guerra tecnológica" não é mais uma metáfora, mas uma realidade tangível.
Além dos EUA, a Europa também está se movendo. A União Europeia, com sua Lei de Serviços Digitais (Digital Services Act), busca regulamentar as grandes plataformas de tecnologia para garantir mais transparência e responsabilidade. Embora não seja tão específica quanto a ordem americana, a legislação europeia também coloca pressão sobre empresas como o TikTok para que revelem mais sobre o funcionamento de seus algoritmos e moderem o conteúdo de forma mais rigorosa.
O cenário global está se tornando cada vez mais regulado, o que marca o fim da "internet livre" como a conhecíamos. As grandes empresas de tecnologia, que antes operavam com pouca interferência governamental, agora se veem no meio de disputas geopolíticas. A liberdade irrestrita está sendo substituída por um controle crescente, seja por razões de segurança, privacidade ou política.
🗣️ Um bate-papo na praça à tarde
O sol já está baixando, e Dona Rita e Seu João estão sentados no banco da praça, observando as crianças jogarem bola.
Dona Rita: "Êta, Seu João, viu a notícia? Que o governo lá dos americanos quer botar a mão no TikTok? Eu nem entendo direito essa coisa de algoritmo..."
Seu João: "Dona Rita, é um negócio esquisito mesmo. Mas o que eu entendi é que eles têm medo que a China fique de olho no que a gente tá vendo. Sei lá, a gente só vê dancinha e receita de bolo, né?"
Dona Rita: "É, mas o meu neto, o Pedro, disse que é mais sério. Disse que eles podem, sei lá, fazer o algoritmo mostrar umas coisas e esconder outras. Tipo, se um político não gosta de um vídeo, ele some. Credo!"
Seu João: "Ah, aí é complicado. A gente já não tem muita voz, né? Agora, se até o que a gente assiste é escolhido pelos outros... vixe. É como se a gente estivesse numa bolha, sem saber o que tá fora dela. É isso que me deixa com a pulga atrás da orelha."
Dona Rita: "Eu só espero que a gente possa continuar vendo os vídeos daquele gatinho que faz truque. Isso é o que importa pra mim, viu?"
🌐 Tendências que moldam o amanhã
O que a decisão dos EUA sobre o TikTok nos diz sobre o futuro da internet? Várias tendências se destacam:
Soberania digital e "internet nacional": O movimento dos EUA não é isolado. Muitos países estão questionando a ideia de uma internet global e sem fronteiras. A tendência é que governos busquem maior controle sobre os dados de seus cidadãos e o fluxo de informação dentro de suas fronteiras. Isso pode levar ao surgimento de regulamentações mais rigorosas e, em casos extremos, à criação de redes "locais" ou "nacionais", separadas da internet global.
Transparência algorítmica: A pressão sobre o TikTok pode impulsionar um movimento global para exigir mais transparência das empresas de tecnologia sobre o funcionamento de seus algoritmos. Legisladores e a sociedade civil podem demandar auditorias independentes para garantir que os algoritmos não sejam usados para manipular ou discriminar. Isso poderia transformar o modo como as plataformas operam, forçando-as a serem mais abertas sobre suas práticas.
A ascensão do "tecno-nacionalismo": A disputa entre os EUA e a China é um exemplo claro de como a tecnologia se tornou uma extensão do poder nacional. O controle sobre chips, 5G, inteligência artificial e plataformas digitais é visto como essencial para a segurança e a prosperidade de uma nação. Espera-se que essa competição se intensifique, com países investindo pesadamente em tecnologia para garantir sua independência e influência.
A erosão da confiança: O debate sobre o TikTok está erodindo a confiança do público nas grandes empresas de tecnologia. À medida que se tornam mais evidentes as conexões entre plataformas e governos, os usuários podem se sentir menos seguros e mais céticos sobre o que consomem online. Isso pode levar a um êxodo para plataformas menores, ou a uma busca por fontes de informação mais independentes e transparentes.
O futuro da internet não é mais moldado apenas por engenheiros e empreendedores, mas também por diplomatas, legisladores e chefes de estado. O palco é global, e o que está em jogo é o controle da nossa atenção e da nossa realidade.
📚 Ponto de partida
Para entender a complexidade da situação, é preciso mergulhar na história. O conceito de "segurança nacional" é antigo, mas sua aplicação no mundo digital é relativamente nova. O Patriot Act, assinado nos EUA após os ataques de 11 de setembro, expandiu o poder do governo para monitorar comunicações digitais em nome da segurança. A polêmica em torno desse ato, revelada por Edward Snowden, mostrou o quanto os governos podem ir para coletar informações.
O caso do TikTok é uma evolução desse debate. Não se trata mais apenas de coleta de dados, mas de controle do conteúdo. O governo não quer apenas saber o que o usuário faz, mas quer garantir que o que ele vê não seja uma ameaça. Isso leva a um questionamento fundamental: onde termina a liberdade e começa a vigilância, mesmo que justificada?
O ponto de partida para essa discussão é o conceito de algoritmo de recomendação. Em sua essência, ele é um conjunto de regras matemáticas que analisa o comportamento do usuário (curtidas, compartilhamentos, tempo de visualização) para prever o que ele gostaria de ver a seguir. No caso do TikTok, esse algoritmo é tão eficaz que cria uma experiência viciante. O que a ordem executiva busca fazer é inserir um "filtro" nesse processo. Em vez de a recomendação ser totalmente baseada em preferências e comportamento, ela teria uma camada de "segurança" que impediria a disseminação de conteúdo considerado perigoso ou manipulador.
Essa intervenção, porém, é um terreno escorregadio. Quem define o que é "perigoso" ou "manipulador"? O que um governo considera seguro, outro pode considerar subversivo. O precedente, portanto, é a base para uma discussão global sobre os limites do controle governamental sobre as plataformas que moldam nossas vidas.
📰 O Diário Pergunta
No universo da segurança digital e da soberania, as dúvidas são muitas e as respostas nem sempre são simples. Para ajudar a esclarecer pontos fundamentais, O Diário Pergunta, e quem responde é: Dr. Alexandre Moura, um especialista em geopolítica digital e professor em uma Universidade brasileira, com experiência de pesquisa em segurança de dados e políticas públicas.
Diário: Dr. Moura, a ordem de execução sobre o TikTok é uma medida de segurança ou uma ação política?
Dr. Moura: "É uma mistura dos dois. Há uma preocupação genuína com a segurança e a possibilidade de manipulação. No entanto, a forma como a ordem foi executada é claramente uma jogada política para mostrar força contra a China. A linha é muito tênue."
Diário: A intervenção no algoritmo é a única forma de garantir a segurança?
Dr. Moura: "Não. Existem outras formas, como auditorias independentes, códigos abertos ou a exigência de que os dados de usuários americanos sejam armazenados apenas em servidores nos EUA. A escolha de intervir no algoritmo, a "caixa preta" do TikTok, mostra que o objetivo é controlar o fluxo de informação, não apenas a coleta de dados."
Diário: Qual o impacto dessa decisão para outros países, como o Brasil?
Dr. Moura: "É um precedente. Países podem se sentir encorajados a seguir o exemplo e exigir controle sobre plataformas estrangeiras. O Brasil, por exemplo, pode ser tentado a criar suas próprias regras para o TikTok, e o que se cria é uma internet fragmentada. Onde os dados dos brasileiros ficam, e quem controla o que eles veem?"
Diário: A China pode retaliar?
Dr. Moura: "Com certeza. A China pode banir empresas americanas, como a Apple, ou criar suas próprias regras para as operações das empresas americanas lá. É uma escalada, e o TikTok é apenas a primeira peça a cair nesse jogo de dominó."
Diário: Qual o principal risco para os usuários?
Dr. Moura: "A perda de autonomia e a criação de uma 'realidade filtrada'. Se o algoritmo é controlado por um governo, ele pode, sutilmente, privilegiar certas informações e suprimir outras. O usuário pode não ter mais a chance de ver um conteúdo crítico ou de outra perspectiva. É um risco para a diversidade de ideias e para o pensamento crítico."
Diário: É possível que o TikTok se torne "americano" em breve?
Dr. Moura: "Acredito que não de forma total. O mais provável é uma batalha judicial prolongada e a busca por um acordo que permita que a empresa continue operando, mas sob uma supervisão mais rigorosa. A venda total da operação americana seria um cenário extremo e improvável."
📦 Box informativo 📚 Você sabia?
O Algoritmo Secreto: O algoritmo do TikTok é considerado um dos mais sofisticados do mundo, capaz de prever as preferências do usuário com base em um conjunto de dados complexo, incluindo o tempo que você passa em cada vídeo, os vídeos que você curte, compartilha, comenta e até mesmo a velocidade com que você rola a tela.
A Origem do Nome: O nome da empresa-mãe do TikTok, ByteDance, vem do conceito de "dance of bytes" (a dança dos bytes), uma referência poética ao fluxo e à organização de dados que alimentam suas plataformas.
O Projeto Texas: Para tentar apaziguar as preocupações dos EUA, o TikTok criou o "Projeto Texas", um plano para armazenar todos os dados dos usuários americanos em servidores baseados nos EUA e supervisionados pela empresa de software Oracle, mas isso não foi suficiente para deter a ordem executiva.
A Geração Z e a Notícia: Para muitos membros da Geração Z, o TikTok não é apenas entretenimento, mas uma fonte primária de notícias e informações. Uma pesquisa do Pew Research Center de 2024 revelou que quase 30% dos jovens americanos usam o TikTok para se informar sobre eventos atuais.
Disputa global: A Índia foi um dos primeiros países a banir o TikTok, em 2020, citando as mesmas preocupações de segurança e privacidade que agora os EUA levantam. A decisão indiana foi uma das primeiras a demonstrar o poder de um país de restringir uma plataforma global.
🗺️ Daqui pra onde?
O futuro da internet e, por extensão, o nosso futuro, depende de como lidamos com a questão da soberania digital. A decisão americana é um ponto de inflexão. Ela nos força a perguntar: queremos uma internet global, aberta e relativamente anárquica, ou uma rede fragmentada, regulamentada e controlada por governos nacionais?
A resposta, provavelmente, não será um "sim" ou "não" categórico. O mais provável é que avancemos para um modelo híbrido, onde as plataformas operam sob as leis de cada país, mas ainda mantêm uma certa interoperabilidade. No entanto, o risco de uma "guerra fria tecnológica" é real. Se as nações começarem a usar a tecnologia como uma arma, a cooperação global pode ser comprometida.
Para o usuário comum, o resultado pode ser uma experiência online menos rica e mais controlada. O algoritmo, em vez de nos mostrar o mundo, pode nos mostrar apenas o que nosso governo ou a entidade que o supervisiona considera aceitável. A liberdade de expressão, tão celebrada na internet, pode ser sutilmente erodida por algoritmos que promovem certas visões em detrimento de outras. A jornada do TikTok, de um aplicativo de dancinhas a um campo de batalha geopolítico, é um lembrete de que no mundo digital, nada é apenas entretenimento. Tudo é poder.
🌐 Tá na rede, tá online
A polêmica do TikTok não ficou restrita a artigos de jornal e comunicados oficiais. A conversa se espalhou nas redes sociais, com gente de todas as idades e de todos os lugares dando sua opinião.
No Facebook, em um grupo de aposentados sobre jardinagem: "Eu não entendo porque os americanos estão se metendo na vida da gente. Eu só queria ver os vídeos de como cuidar das minhas orquídeas no TikTok, agora vão ter que ficar 'vigiando' isso? Deixa o povo em paz!"
No Twitter, um jovem de 19 anos: "Essa parada do TikTok ser controlado pelos EUA é muito bizarro. É tipo 'a gente não confia neles, mas a gente quer ter o poder que eles têm'. Parece hipocrisia."
No Instagram, nos comentários de um influenciador de tecnologia: "Não sei se confio mais no governo dos EUA ou na China. Acho que a gente tá ferrado de qualquer jeito, né? O jeito é aceitar que não somos livres no digital e pronto."
No TikTok, em um vídeo viral com mais de 500 mil visualizações: (Um adolescente fazendo um lip-sync enquanto na legenda se lê) "POV: quando seu pai te diz que o TikTok vai ser americano e você pensa se vai ter que mudar o idioma."
🔗 Âncora do conhecimento
Para aprofundar a sua compreensão sobre os bastidores dessa guerra digital e as tensões entre as grandes potências, convidamos você a explorar uma análise crítica sobre as novas fronteiras da geopolítica. Para entender mais sobre como a nova regulamentação da Meta pode impactar o cenário global e como isso se conecta à disputa pelo TikTok, clique aqui e descubra os novos desafios da privacidade e da soberania na era digital.
Reflexão Final
A história do TikTok e a ordem executiva de Washington nos lembram que a tecnologia não é neutra. Ela é uma ferramenta, e como toda ferramenta, pode ser usada para construir ou para destruir. A batalha pelo algoritmo do TikTok é, no fundo, uma luta pela nossa atenção e pela nossa percepção. A ordem executiva não é apenas uma notícia; é um sinal de alerta para que estejamos atentos. A liberdade digital não é um direito garantido; é algo que precisa ser protegido e defendido a cada dia, em cada clique e em cada scroll.
Recursos e Fontes Bibliográficos
Lewis, James. "The TikTok Conundrum." Center for Strategic and International Studies (CSIS). [Artigo publicado em 2024].
Hughes, Trevor. "The Privacy Paradox." International Association of Privacy Professionals (IAPP). [Entrevista concedida em 2025].
Pew Research Center. "Social Media News Use in 2024." [Relatório publicado em 2024].
Sensor Tower. "State of Mobile 2024." [Relatório de mercado de 2024].
Declarações públicas da ByteDance e do Departamento de Comércio dos EUA.
⚖️ Disclaimer Editorial
O Diário do Carlos Santos é uma plataforma de análise e opinião. Os textos aqui publicados refletem a visão crítica e aprofundada do autor e de seus colaboradores. O conteúdo busca estimular a reflexão e o debate, baseando-se em informações públicas e em uma interpretação dos fatos. O objetivo é oferecer uma perspectiva diferenciada, não substituindo a pesquisa individual ou a consulta a fontes primárias. Toda e qualquer informação deve ser confirmada pelo leitor através de múltiplas fontes.



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