Brasil e EUA devem focar no etanol como pilar de negociações. Análise crítica sobre a proposta de cooperação para liderar o mercado de bioenergia global. - DIÁRIO DO CARLOS SANTOS

Brasil e EUA devem focar no etanol como pilar de negociações. Análise crítica sobre a proposta de cooperação para liderar o mercado de bioenergia global.

 Etanol, a Ponte Verde: Por Que Brasil e EUA Devem Colaborar, e Não Competir, em Negociações Comerciais

Por: Carlos Santos



A complexidade das relações internacionais é um tema que sempre me fascina, especialmente quando toca o cerne da nossa economia e o futuro da sustentabilidade global. Recentemente, a notícia de que um ex-secretário de Comércio Exterior defende uma união de forças entre Brasil e Estados Unidos no setor de etanol durante as negociações comerciais acendeu um alerta em mim, eu, Carlos Santos, e, imagino, em muitos brasileiros. Não se trata apenas de mais um produto na balança comercial, mas sim de uma oportunidade estratégica que une a busca por energia limpa, o agronegócio e a geopolítica. É uma proposta que clama por uma análise crítica e embasada, fugindo da superficialidade e do jogo de interesses momentâneos, para pavimentar um caminho de prosperidade mútua e, mais importante, de liderança global em biocombustíveis.

No centro da discussão, está a ideia de transformar a concorrência histórica entre o etanol de cana-de-açúcar brasileiro e o etanol de milho americano em uma poderosa parceria. Segundo o que pude apurar em reportagem do site Times Brasil, o ex-secretário de Comércio Exterior, em um momento crucial de diálogo bilateral – marcado por tensões tarifárias recentes – sugere que os dois países deveriam focar em expandir o mercado mundial de etanol, reconhecendo a demanda global crescente por alternativas energéticas mais sustentáveis. Em vez de disputar fatias de um mercado já existente, a proposta é que se aposte na ampliação desse mercado, onde ambos têm vantagens competitivas a oferecer.

A Virada Estratégica: De Rivais a Parceiros Globais

🔍 Zoom na realidade

A realidade comercial entre Brasil e EUA no setor de etanol é, historicamente, uma teia de tarifas, cotas e protecionismos. Enquanto o etanol de cana-de-açúcar brasileiro é reconhecido globalmente por sua maior eficiência e menor pegada de carbono, o etanol de milho americano desfruta de robustos incentivos internos e tem um forte peso político, especialmente em anos eleitorais nos EUA. Atualmente, o etanol brasileiro enfrenta uma tarifa de 2,5% nos EUA, enquanto o produto norte-americano paga 18% para entrar no Brasil – uma situação que o governo americano já classificou como desequilíbrio e que foi um dos pontos de discórdia que culminaram no recente "tarifaço" imposto pelos EUA a produtos brasileiros.

Essa disputa, no entanto, é míope diante do panorama global. O mundo precisa urgentemente de soluções para a descarbonização da matriz energética, e os biocombustíveis avançados são protagonistas nessa transição. O Brasil, com a tecnologia de produção a partir da cana, e os EUA, com sua escala de produção de etanol de milho e investimentos em etanol celulósico, detêm mais de 80% da produção global de etanol. A rivalidade tarifária e a competição por mercados limitados apenas retardam o crescimento do setor e, pior, desperdiçam a chance de ambos os países se posicionarem como os grandes fornecedores de energia limpa para um planeta em busca de alternativas ao petróleo. A visão pragmática, como a proposta pelo ex-secretário, é essencial: focar na expansão da demanda mundial – notadamente na Ásia e Europa – onde o etanol tem um potencial imenso a ser explorado como descarbonizante da gasolina. A realidade impõe que a sustentabilidade e a escala só serão alcançadas com a cooperação dos dois gigantes do etanol.


📊 Panorama em números

Quando olhamos para a questão do etanol, os números expõem tanto a rivalidade quanto o potencial inexplorado da parceria.

IndicadorBrasilEUA
Produção Anual (Média)$\approx 35$ Bilhões de Litros$\approx 60$ Bilhões de Litros
Matéria-Prima PrincipalCana-de-AçúcarMilho
Emissão de CO2 (Redução vs. Gasolina)$\approx 70\%-90\%$$\approx 20\%-50\%$
Tarifa de Importação de Etanol (aplicada ao parceiro)$18\%$ sobre o etanol de milho$2,5\%$ sobre o etanol de cana
Exportação Brasil para EUA (2024)$\approx 313$ Milhões de Litros (16,3% das exportações totais)
Exportação EUA para Brasil (2025 - até setembro)$\approx 111,5$ Mil Toneladas

Fonte: UNICA, SECEX, Dados de Mercado (valores aproximados e adaptados de múltiplas fontes confiáveis)

Estes dados demonstram que, embora os EUA sejam o maior produtor em volume, o Brasil se destaca pela eficiência ambiental, evidenciada pela maior redução de CO2 - um argumento poderoso em um mundo focado em metas climáticas. As tarifas de importação desiguais, por sua vez, são o reflexo direto da falta de reciprocidade e da postura protecionista de ambos os lados em momentos distintos. A proposta de cooperação não visa a extinção da produção interna, mas sim o estabelecimento de um mercado global em que as vantagens comparativas de cada um – como o preço e o fator ambiental – possam impulsionar a demanda, elevando o patamar de exportação para um volume significativamente maior. Para se ter uma ideia, a exportação brasileira representa apenas cerca de 5% da sua produção total. Se a parceria global expandir a demanda, esse percentual tem um potencial de crescimento exponencial, gerando valor e riqueza para ambos.


Fonte da imagem Times Brasil


💬 O que dizem por aí

O debate sobre o etanol na mesa de negociações comerciais não se restringe aos ex-secretários. Ele ecoa nas associações de produtores, nos corredores do governo e na mídia especializada. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, por exemplo, defende a inclusão do etanol, minerais críticos e a regulação das big techs na agenda bilateral, mostrando que a indústria brasileira vê o tema como um ponto estratégico de barganha.

No entanto, a ideia de usar o etanol como "moeda de troca" – trocando o acesso ao nosso mercado por uma redução nas tarifas americanas sobre outros produtos, como carne e café, como cogitado por setores do governo – gera forte resistência. Produtores do setor sucroenergético, notadamente do Nordeste, expressam preocupação. Eles temem que a abertura do mercado brasileiro ao etanol de milho mais barato (devido aos subsídios americanos e à logística) possa desequilibrar a oferta e derrubar os preços internos, afetando a competitividade das usinas regionais. Renato Cunha, presidente da Associação dos Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), já se manifestou, argumentando que a entrada do etanol dos EUA ameaça a soberania nacional e a estabilidade do mercado, especialmente no Nordeste, onde a produção é mais sensível. Essa tensão reflete a complexidade de qualquer acordo que envolva um produto tão estratégico: é preciso equilibrar o interesse macroeconômico de um acordo bilateral amplo com a proteção dos interesses regionais e setoriais internos. O diálogo deve ser transparente e envolver todas as partes impactadas para que a solução seja sustentável e justa.


🧭 Caminhos possíveis

A aposta no etanol como pilar de uma nova relação comercial entre Brasil e EUA exige que sejam trilhados caminhos criativos e pragmáticos, que superem o impasse da "guerra tarifária" e do protecionismo míope. Três rotas se mostram viáveis:




  1. Criação de um Mercado Global Unificado de Bioenergia: Em vez de focar na disputa interna, Brasil e EUA poderiam liderar a criação de um standard internacional para biocombustíveis, com foco na pegada de carbono (Carbon Intensity - CI). O etanol de cana, com seu CI notoriamente mais baixo, e o etanol de milho americano poderiam ser complementares em um mercado mundial que valorizasse a sustentabilidade. A parceria se daria no lobby conjunto em fóruns internacionais (como a IEA e a OMC) para que mais países adotassem mandatos de mistura de etanol.

  2. Negociação de Cotas e Regimes Especiais por Região: Para mitigar o impacto no Nordeste brasileiro, uma proposta ventilada seria o restabelecimento do regime de cotas com diferenciação regional, incentivando que o etanol americano chegue ao Brasil via portos do Sul e Sudeste, onde o impacto na produção regional é menor. Outra possibilidade seria um acordo de "tarifa zero recíproca", porém com cláusulas de salvaguarda que fossem acionadas em casos de distorção de mercado, garantindo um piso de preço ou volume para a produção nacional.

  3. Foco em Etanol de Segunda Geração e Combustíveis de Aviação Sustentável (SAF): A cooperação pode se dar na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de biocombustíveis avançados, como o etanol celulósico ou o SAF. O Brasil é uma potência na cana, e os EUA no milho e na biotecnologia. Juntos, podem acelerar a produção de combustíveis que atendam aos requisitos mais rígidos da aviação internacional, um mercado que será multibilionário nas próximas décadas.


🧠 Para pensar…

A proposta de apostar no etanol nas negociações com os EUA nos leva a uma reflexão mais profunda sobre o papel do Brasil no cenário energético e climático mundial. Por décadas, fomos pioneiros na tecnologia de biocombustíveis com o Proálcool, mas a falta de uma política de Estado contínua e previsível nos impediu de consolidar essa liderança. Hoje, o etanol de cana-de-açúcar é um dos combustíveis líquidos mais limpos em escala comercial.

O desafio para o Brasil, no entanto, não é apenas convencer os EUA – é, antes de tudo, convencer a si mesmo do valor estratégico dessa commodity. Usar o etanol como "moeda de troca" por carne e café é uma visão de curto prazo. A verdadeira jogada de mestre seria usar o etanol como um ativo geopolítico, um instrumento de barganha para forçar uma cooperação em tecnologia e mercados.

Para pensar: Qual é o custo real, a longo prazo, de não liderar a agenda de bioenergia global, e preferir o conforto de um protecionismo setorial? A concorrência com o etanol de milho é, sim, um desafio, mas é também um catalisador para a nossa própria indústria se modernizar e diversificar (como já ocorre com o etanol de milho no centro-oeste brasileiro, impulsionado pela demanda e logística). O Brasil precisa parar de ver o etanol apenas como um subproduto da cana e passá-lo a ver como o petróleo verde do futuro, utilizando sua pegada de carbono única para pautar a agenda energética global.


📚 Ponto de partida

Para entender a relevância estratégica do etanol, o ponto de partida é o seu benefício ambiental, uma vantagem comparativa inegável do Brasil: o etanol de cana-de-açúcar gera uma redução média de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) que pode chegar a 90% em comparação com a gasolina, considerando todo o ciclo de vida (da produção ao uso). Em contraste, o etanol de milho americano, embora sustentável, oferece uma redução menor.

O programa RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis) é a nossa principal ferramenta interna para capitalizar essa vantagem. Ele cria um mercado de Créditos de Descarbonização (CBios), valorizando a eficiência energética e ambiental de cada produtor. No entanto, para que o etanol de cana se torne a commodity climática global que tem potencial para ser, o RenovaBio precisa se conectar com os mercados internacionais. O ponto de partida é, portanto, a integração desse valor ambiental único nas negociações comerciais. O Brasil deve exigir que a pauta bilateral reconheça o diferencial de carbono do seu etanol, e que essa métrica seja o principal critério para a formação de cotas ou a isenção de tarifas. Se o mundo está disposto a pagar um prêmio pelo "carbono zero" ou "baixo carbono", o etanol brasileiro tem o trunfo para ser o primeiro produto agrícola a ser negociado globalmente com base em sua performance climática certificada.


📦 Box informativo 📚 Você sabia?

Apesar da histórica rivalidade e das tarifas em vigor, o comércio de etanol entre Brasil e EUA é influenciado de forma decisiva pelas arbitragens de mercado.

Você sabia que o fluxo de exportação e importação de etanol entre os dois países varia muito conforme as safras? Por exemplo:

  • Na entressafra brasileira de cana-de-açúcar (geralmente no primeiro trimestre do ano), a produção de etanol cai no Brasil, e o país pode se tornar um importador mais ativo para manter o abastecimento interno e os preços estáveis. É nesse momento que o etanol de milho americano, que tem sua produção mais concentrada em outras épocas, encontra janelas de oportunidade para entrar no mercado brasileiro.

  • A logística também desempenha um papel crucial. Em 2025, por exemplo, apesar da tarifa de 18% imposta pelo Brasil, o etanol americano conseguiu aumentar suas exportações para o país, totalizando 111,5 mil toneladas até setembro. Isso se deve, em parte, à alta dos preços internos e à necessidade de abastecimento, especialmente no Nordeste, onde a produção local é mais limitada e a logística de importação marítima pode ser mais eficiente do que o transporte do Centro-Sul brasileiro.

Em resumo, a tarifa é um obstáculo, mas não é impeditiva quando a arbitragem de mercado e as necessidades internas se sobrepõem, mostrando que o comércio flui a despeito das barreiras quando há um descompasso entre oferta e demanda. O desafio real é transformar essa volatilidade em um fluxo comercial estável e cooperativo.


🗺️ Daqui pra onde?

O futuro da relação comercial Brasil-EUA no eixo do etanol aponta para um cenário de interdependência estratégica. A discussão não é mais sobre se os países devem cooperar, mas sim como essa cooperação deve se materializar em um mundo cada vez mais voltado para a sustentabilidade e a segurança energética.

A direção a ser seguida é a da complementaridade. Em vez de competir pelo volume de etanol, a rota é competir pelo valor do carbono.

Daqui, a pauta de negociação deve se expandir para além da simples redução tarifária:

  1. Metas Conjuntas de Descarbonização: Brasil e EUA poderiam negociar o estabelecimento de metas conjuntas para o aumento da mistura de etanol em gasolinas (E15, E20, E85) em mercados terceiros, financiando conjuntamente a infraestrutura de distribuição necessária.

  2. Harmonização de Padrões: A criação de uma metodologia Brasil-EUA para a certificação do teor de carbono de biocombustíveis, que poderia se tornar o padrão de referência para a Organização Internacional de Normalização (ISO) ou a Agência Internacional de Energia (IEA). Isso daria credibilidade e escala aos dois produtos.

  3. Fomento à Inovação (P&D): Investimento conjunto em pesquisa de matérias-primas de segunda e terceira geração (algas, resíduos) e na produção de SAF, com o Brasil provendo a expertise agrícola e os EUA a tecnologia de conversão e capital.

A aposta no etanol, portanto, nos leva para a liderança global da transição energética, transformando um ponto de atrito em um vetor de crescimento para as próximas décadas.


🌐 Tá na rede, tá oline

"O povo posta, a gente pensa. Tá na rede, tá oline!"

Nas redes sociais e fóruns de discussão sobre agronegócio e política comercial, a opinião pública e especializada está dividida, mas a polarização do debate se concentra na oposição entre o pragmatismo e o protecionismo.

  • Corrente Pragmática: Muitos empresários e economistas defendem que o Brasil deve aceitar a negociação do etanol, mesmo que com concessões, para evitar o "tarifaço" americano em outros setores cruciais (como a carne bovina, cujos embarques para os EUA aumentaram significativamente, 64,6% em volume em 2024). A lógica é que é melhor ter um acesso limitado e negociado ao mercado americano para o etanol, enquanto se consolida a exportação de outros produtos, do que fechar o mercado e sofrer retaliações amplas.

  • Corrente Protecionista: Produtores e associações do Nordeste, em particular, alertam que a abertura descontrolada seria a sentença de morte para usinas locais que não conseguem competir com o etanol de milho subsidiado. Eles argumentam que ceder agora criaria um precedente perigoso e desvalorizaria o produto brasileiro, forçando-o a ser apenas uma "moeda de troca" sem valor estratégico intrínseco.

O que se aprende com a rede é que o debate está carregado de emoção e de interesses regionais legítimos. A solução não pode ser de "tudo ou nada". O governo precisa de uma estratégia de comunicação que demonstre como uma eventual abertura comercial (com as devidas salvaguardas) não visa aniquilar a indústria, mas sim usar o etanol como um alavancador de uma agenda bilateral mais ampla. A polarização online reforça a necessidade de um acordo que seja regionalmente sensível, mas globalmente ambicioso.


🔗 Âncora do conhecimento

A discussão sobre o etanol nas negociações comerciais entre Brasil e Estados Unidos é um microcosmo dos desafios mais amplos da política externa brasileira. Para uma análise crítica e aprofundada sobre o mercado de commodities e os bastidores das negociações internacionais, incluindo uma visão detalhada sobre os interesses em jogo neste e em outros temas cruciais da agenda bilateral, clique aqui e continue a leitura em nosso post exclusivo.


Reflexão final

O etanol não é apenas um combustível; é um vetor de soberania energética, um trunfo ambiental e um poderoso instrumento de política externa. A sugestão de um ex-secretário de Comércio Exterior de que Brasil e EUA deveriam apostar nele em negociações comerciais, mudando o foco da competição para a cooperação, é mais do que sensata – é urgente. O Brasil tem a chance de liderar uma revolução verde em parceria com a maior economia do mundo. No entanto, para aproveitar essa oportunidade, é preciso coragem para ir além da visão protecionista de curto prazo, garantindo salvaguardas à produção nacional, e ambição para posicionar o etanol de cana-de-açúcar como a commodity climática de referência no planeta. O futuro do Brasil passa pela energia limpa, e o caminho para a prosperidade está na união estratégica com quem pode nos ajudar a expandir esse mercado para o mundo. É hora de trocar a retórica da disputa pela ação coordenada em prol da descarbonização global.


Recursos e fontes em destaque

  1. Ex-secretário de Comércio Exterior diz que Brasil e EUA deveriam apostar no etanol em negociações comerciaisTimes Brasil: https://timesbrasil.com.br/brasil/ex-secretario-de-comercio-exterior-diz-que-brasil-e-eua-deveriam-apostar-no-etanol-em-negociacoes-comerciais

  1. Associação dos Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio): Posições e notas de repúdio sobre negociações tarifárias.

  1. União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA): Dados de produção e informações sobre o RenovaBio.


  1. Sistema de Comércio Exterior (SECEX): Estatísticas de exportação e importação.



⚖️ Disclaimer Editorial

Este artigo reflete uma análise crítica e opinativa produzida para o Diário do Carlos Santos, com base em informações públicas, reportagens e dados de fontes consideradas confiáveis. Não representa comunicação oficial, nem posicionamento institucional de quaisquer outras empresas ou entidades eventualmente aqui mencionadas.


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