Eliane Lima, Carlos Santos, cascalho e milho cozido: uma tarde de reencontros e memórias em Tucuruí-PA, com reflexões críticas sobre cultura, tradição e futuro. - DIÁRIO DO CARLOS SANTOS

Eliane Lima, Carlos Santos, cascalho e milho cozido: uma tarde de reencontros e memórias em Tucuruí-PA, com reflexões críticas sobre cultura, tradição e futuro.

 

TBT de Afetos: Entre Cascalho, Milho Cozido e Memórias na Praça Júlia Passarinho

Por Carlos Santos



Introdução: 

Um convite direto do autor

Hoje, convido você, leitor fiel do Diário do Carlos Santos, a caminhar comigo pelas veredas da memória – e a revisitar um instante aparentemente simples, mas pleno de significado.

Foi numa tarde quente de quinta-feira, dessas em que Tucuruí parece cochilar sob o sol paraense, que reencontrei Eliane Lima, amiga de longa data, na praça Júlia Passarinho. Com ela, cascalho em mãos, milho cozido e sorrisos ao redor de um banco de praça, revivemos tradições que resistem ao tempo.

Prepare seu café, porque a viagem é longa: nesta crônica, trago reflexões críticas sobre o valor das tradições locais, o papel das praças nas cidades brasileiras e o futuro das memórias coletivas — tudo temperado com afeto, dados e vivência autoral.


Um TBT que é mais que hashtag: A força dos encontros e das tradições regionais

Quando reviver um momento simples vira resistência cultural

TBT, para além do modismo digital, pode ser trincheira da memória. E foi exatamente isso que vivenciei ao rever Eliane Lima — chapéu na mão, alegria no rosto e aquele ar de reencontro genuíno. Sentamos, dividimos milho cozido e ela saboreava também um tradicional cascalho: uma massa fina de trigo, crocante e salgada, frita no óleo de soja.

Essa receita é parte da história da minha família há mais de 40 anos, atravessando gerações sem perder sua essência. E mais do que um salgado simples, ele carrega histórias. Gente que viveu os anos 80 e 90 costuma dizer com saudade:

“Cascalho só parece com os tempos de criança.”
“Cascalho com chopp era ostentação na época da escola.”

Também tive o prazer de vender, naquela tarde,  alfajors artesanais, coberto com chocolate meio amargo e recheado de brigadeiro. Um toque doce no meio do reencontro, que ficou ainda mais especial, Eliane Lima eu Carlos Santos e com a presença de Lucília Siliprandi — amiga de muitos anos, ex-repórter da TV Liberal e comunicadora de talento reconhecido, com passagens pela TV Floresta.


🔍 Zoom na Realidade

Praça Júlia Passarinho: palco de afetos e história

Localizada no bairro Jardim Paraíso, a praça Júlia Passarinho é símbolo da memória afetiva e urbana de Tucuruí. Seus bancos e sombras acolhem o cotidiano simples: crianças correndo, vendedores oferecendo delícias como o milho cozido e o cascalho, e moradores que mantêm vivas as tradições.

O ambiente não tem som mecânico, como muitos imaginam. A venda do cascalho não se anuncia com triângulo, buzina ou apito. O que atrai é a simpatia do vendedor, a conversa amigável e a memória que o produto desperta. É o salgado que fala por si, carregando o afeto no estalar da crocância.

“Há espaços que são poesia a céu aberto: a praça é um deles.”

O TBT vivido ali foi mais que uma lembrança: foi uma afirmação de pertencimento.


📊 Panorama em Números

Dados sobre Tucuruí, população e tradições

  • População atual: cerca de 112.000 habitantes, segundo o IBGE.

  • Área: aproximadamente 2.086 km², com forte miscigenação cultural.

  • Migração histórica: o município atraiu famílias de diversos estados do Brasil, principalmente durante a construção da Hidrelétrica de Tucuruí, nos anos 1970 e 80.

Comida e cultura:

  • Milho no Pará: é base de receitas como mingau, pamonha, curau e o popular milho cozido, consumido em feiras, praças e festas.

  • Cascalho: produto de origem ibérica adaptada às ruas do Norte, o cascalho tradicional de Tucuruí é salgado, leve, crocante, feito com massa fina de trigo. Um salgado com cara de infância, rosto de tradição e sabor de afeto.


💬 O que Dizem por Aí

Vozes do povo e ecos da tradição

Nas conversas com frequentadores da praça, alguns relatos se destacaram:

“Quando como cascalho, me lembro do meu pai chegando com um pacote embrulhado no jornal. Era festa.”
Seu Raimundo, 67 anos

“Milho cozido tem gosto de final de tarde e conversa boa.”
Elenice, 40 anos

“O bom da praça é isso: não precisa de muito. Basta sentar, olhar as árvores, e dividir o que tem.”
Guto, 19 anos

Essa é a força da tradição: feita de gestos simples e conexões reais.


🧭 Caminhos Possíveis

Como nossa vivência pode redefinir (ou salvar) o espaço público

  • Cuidar da praça é cuidar da cidade: preservar o espaço público é valorizar a história que ele guarda.

  • Apoiar os vendedores locais: como os que oferecem cascalho, milho ou alfajor — é uma forma de manter viva a economia afetiva.

  • Educar pelo pertencimento: incluir nas escolas conteúdos sobre as tradições locais e os saberes populares.

  • Valorizar as festas e feiras típicas: eventos como festivais de comidas regionais podem fortalecer vínculos sociais e culturais.


🧠 Para Pensar…

Memória, identidade e o risco do esquecimento

Praças como a Júlia Passarinho não são apenas pontos geográficos: são museus vivos, livros abertos de histórias populares, onde cada banco carrega um enredo.

“Se cada praça é um museu vivo, somos todos curadores do nosso patrimônio afetivo.”

Preservar esse espaço é resistir ao esquecimento e reafirmar o valor da vida comunitária.


📚 Ponto de Partida

História da Praça e da Tradição Gastronômica

A praça Júlia Passarinho homenageia uma das famílias históricas de Tucuruí. Ao seu redor, formou-se uma rede de vivência cotidiana, marcada por festas religiosas, noites culturais e a presença de vendedores tradicionais.

  • O milho, com mais de 7 mil anos de história nas Américas, chegou ao Brasil com os povos indígenas e se adaptou às culturas regionais.

  • O cascalho — esse salgado crocante que minha família prepara há mais de quatro décadas — virou parte da memória local, seja em encontros na praça ou em histórias contadas à sombra das árvores.


📦 Box informativo 📚 Você sabia?


O cascalho tradicional de Tucuruí é um salgado crocante feito com massa fina de trigo, frito em óleo de soja e servido com uma dose de bom humor, conversa agradável e um sorriso simpático. Ele ganhou fama nos anos 80 e 90 como lanche popular e afetivo — e é frequentemente citado por adultos que, ao experimentá-lo, dizem se lembrar da infância.

Diferente de outras regiões, em Tucuruí o cascalho não é anunciado com som, mas com conversa, simpatia e memória. Já o milho cozido, tão presente em praças e feiras, simboliza partilha, tradição e a simplicidade dos encontros.


🗺️ Daqui pra Onde?

Como manter viva a chama desses encontros?

  • Frequentar as praças com intencionalidade: mais do que passar, é preciso permanecer.

  • Valorizar quem vende e produz localmente: o vendedor de cascalho é, também, um contador de histórias.

  • Ouvir os mais velhos: em cada frase mora uma história — e cada história é uma ponte com o passado.

  • Usar o digital como ferramenta, não substituição: publique, compartilhe, mas continue aparecendo na praça.


Reflexão Final

O TBT de Eliane Lima foi mais do que uma tarde agradável: foi um lembrete da importância de mantermos vivas as tradições locais, os encontros comunitários e os afetos simples que nos unem.

Entre cascalho, milho e boas conversas, reafirmei a certeza de que memória não se apaga — se compartilha. E toda vez que alguém senta num banco de praça para dividir um salgado ou contar uma história, a cultura respira mais uma vez.

Leia, compartilhe, viva.
E que as próximas gerações ainda possam dizer:
"Esse cascalho tem gosto da minha infância."

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