O Plano da Síria para seduzir os EUA: Trump Tower em Damasco e acesso ao petróleo
Por Carlos Santos
Em um movimento tão ousado quanto simbólico, a nova liderança da Síria apresentou um plano surpreendente para tentar seduzir o governo dos Estados Unidos e reverter anos de sanções econômicas e isolamento diplomático. O detalhe mais curioso? Uma proposta para construir uma Trump Tower em plena Damasco.
Sim, você leu certo. A ideia é parte de uma estratégia maior encabeçada pelo presidente Ahmed al-Sharaa, que busca reconfigurar o papel da Síria no tabuleiro geopolítico do Oriente Médio e, ao mesmo tempo, usar a diplomacia do interesse direto para conquistar a boa vontade de Donald Trump.
O que há por trás da Trump Tower síria?
A proposta de erguer um edifício de luxo da marca Trump na capital síria vai muito além da estética arquitetônica. É uma tentativa deliberada de atingir o ego e o senso de oportunidade do ex-presidente americano, que tem um histórico de valorizar relações comerciais que também lhe rendam prestígio pessoal.
Se a jogada é ousada, também é reveladora: para alguns, um gesto de esperteza política. Para outros, uma tentativa descarada de manipular interesses privados em nome da diplomacia.
Acesso ao petróleo e promessas de paz
Além da torre, o plano sírio inclui a oferta de acesso privilegiado ao petróleo e gás do país para empresas americanas, num movimento que mira substituir os investimentos russos e chineses. Isso, claro, se Washington aceitar aliviar as tarifas de até 41% sobre produtos sírios — impostas recentemente, apesar do comércio direto entre os países ser praticamente inexistente.
Outro ponto sensível da proposta é a possibilidade de normalização com Israel, algo impensável durante o regime de Bashar al-Assad. A aproximação, embora embrionária, tem potencial de atrair simpatia no Congresso americano e em setores influentes da diplomacia ocidental.
O novo rosto do governo sírio
Desde a queda de Assad, o governo de Sharaa tem se esforçado para mostrar uma imagem reformista. Houve prisões de extremistas ligados a milícias palestinas, promessas de transparência e até gestos públicos de apoio a uma governança mais plural.
Mas há ceticismo — e não sem razão. O passado de Sharaa, ligado a movimentos islâmicos radicais, levanta suspeitas sobre a real intenção das reformas. O Departamento de Estado dos EUA já declarou que observa os eventos com “cautela estratégica”.
Análise: diplomacia pelo ego?
O que a Síria propõe é, essencialmente, um pacto informal: negócios, petróleo e prestígio em troca de alívio econômico. E ao escolher envolver diretamente a figura de Trump — através de um empreendimento com seu nome — o país aposta que, mesmo fora da presidência, ele ainda dita o tom das relações externas dos EUA.
A pergunta que fica é: estamos diante de um novo tipo de diplomacia, onde o charme pessoal substitui a lógica institucional? Ou seria esse plano uma tentativa desesperada de um governo sem muitos trunfos políticos?
Conclusão: o Oriente Médio em mutação
Independentemente das respostas, o fato é que o Oriente Médio está mudando. E a Síria, depois de anos na penumbra, tenta retornar ao jogo com uma estratégia tão criativa quanto arriscada. Resta saber se os EUA vão embarcar nessa — ou se vão continuar tratando o país como um pária.
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