No momento em que o Uniforme Revela a Violência Silenciosa: um relato sobre bullying, conivência e desumanização: Estudante denuncia humilhação e descaso após divergência sobre símbolo de uniforme acadêmico
Estudante denuncia humilhação e descaso após divergência sobre símbolo de uniforme acadêmico
Por Carlos Santos | Diário do Carlos Santos
Um estudante universitário relata ter sido vítima de bullying institucional dentro de uma instituição de ensino superior, após divergência quanto à simbologia de um uniforme acadêmico. O caso se desdobrou em hostilidade por parte de colegas, omissão de professores e desrespeito no atendimento policial, quando o aluno tentou registrar boletim de ocorrência.
Segundo o relato, o episódio teve início durante a discussão para escolha do símbolo que representaria a turma do curso de História em uma camiseta. A proposta do “Cajado de Enki”, símbolo da mitologia suméria presente em instituições contemporâneas como o Corpo de Bombeiros e ambulâncias, foi inicialmente aprovada por unanimidade.
Entusiasmado com a decisão, o estudante fez uma publicação em suas redes sociais destacando a relevância histórica do símbolo. Entretanto, o conteúdo incomodou uma colega de turma, referida pelo estudante como “senhora B”. No dia seguinte, a estudante teria iniciado uma mobilização para reverter a escolha, defendendo a adoção do “Homem Vitruviano”, de Leonardo da Vinci. Segundo o denunciante, a mudança foi imposta sem nova votação e com o apoio tácito do professor responsável pela turma.
Ao perceber que não havia mais consenso entre os colegas, o estudante decidiu confeccionar, por conta própria, uma camiseta com o símbolo previamente acordado. A atitude teria gerado ainda mais retaliações, levando-o ao isolamento social dentro do campus. “Ela conseguiu influenciar os demais colegas a se afastarem de mim. Fiquei estigmatizado”, afirmou.
Além do constrangimento coletivo, o estudante denunciou condutas de desprezo por parte do professor. Em uma das ocasiões, ao apresentar em sala a justificativa para o símbolo escolhido, ele relatou que o docente o ignorou enquanto mexia no celular, dando atenção a outras conversas em vez de acompanhar a exposição.
Diante da sequência de episódios, o estudante decidiu registrar boletim de ocorrência por bullying e abuso institucional. Entretanto, ao procurar a delegacia, ele afirma ter sido recebido com hostilidade. “A bacharel em Direito que estava na recepção disse que aquilo não era caso de polícia. A escrivã, ao me atender, debochou da situação e registrou um boletim superficial, sem ouvir o que eu tinha a dizer”, relatou.
O boletim de ocorrência foi registrado com o termo genérico “coação”, sem detalhamento dos fatos.
🗣️ Opinião do Autor
O episódio do uniforme relatado aqui no blog não foi apenas um caso isolado de desrespeito. Foi o reflexo de algo maior: a falência da escuta em espaços que deveriam promover diálogo, acolhimento e diversidade. O silêncio institucional diante da violência simbólica que vivi não foi omissão — foi escolha. E escolhas assim revelam lideranças que falam muito, mas ouvem pouco.
É impossível não conectar essa experiência ao que abordei recentemente no post sobre liderança empática. Quando líderes ignoram a complexidade dos sujeitos que compõem uma comunidade — seja ela acadêmica, profissional ou social —, eles não lideram, apenas gerenciam. E gerir sem empatia é perpetuar estruturas que excluem, violentam e silenci am.
A escuta verdadeira, como escrevi naquele outro texto, é um ato revolucionário. Porque obriga quem detém o poder a se despir da autoridade cega e a se comprometer com o humano. No caso do uniforme, tudo o que se esperava era um mínimo de abertura para compreender um símbolo. Mas preferiram o deboche, a neutralidade forçada e a manutenção de uma ordem estética que serve à exclusão.
Empatia, portanto, não é uma pauta de recursos humanos — é uma exigência ética. É o que separa líderes de verdade de figuras que apenas ocupam cargos. E enquanto a escuta for tratada como fraqueza, continuaremos vendo espaços que deveriam formar cidadãos se transformarem em laboratórios de silenciamento.
Segue abaixo o que de fato ocorreu na ótica de Carlos santos.
Há experiências que, de tão marcantes, deixam cicatrizes invisíveis. E é preciso mais coragem para falar delas do que se imagina. Esta é a história de quando um simples debate sobre um uniforme acadêmico se transformou em um enredo de exclusão, manipulação e silenciamento institucional. Não é fácil escrever sobre dor. Ainda mais quando ela nasce em um lugar onde você acreditava que haveria respeito. Educação. Troca. E, sobretudo, humanidade. Mas às vezes, é justamente nesses ambientes — supostamente protegidos — que nascem as violências mais cruéis. As silenciosas. As que não deixam marcas no corpo, mas ferem fundo a alma.
Tudo começou com uma proposta coletiva: escolher a simbologia de um uniforme que representasse o curso de História. A turma debateu ideias, e duas sugestões surgiram: o clássico "Homem Vitruviano", da Renascença, e o "Cajado de Enki", símbolo ancestral ligado à sabedoria, ainda presente em logotipos de saúde, contabilidade e resgate. A escolha, até então unânime, era o cajado sumério.
Feliz por ver uma decisão democrática tomar forma, publiquei em minhas redes um texto exaltando a riqueza histórica e simbólica daquela escolha. Mas o que deveria ser uma celebração se tornou o estopim de uma perseguição. Uma colega — aqui chamada de senhora B —, incomodada com o rumo da decisão e com minha postura crítica, reverteu o consenso usando sua influência. O que veio depois foi um ciclo de desprezo e humilhação.
Passei a ser visto como um corpo estranho. Mandar confeccionar minha própria camiseta — como forma de respeito à decisão inicial e expressão pessoal — foi o suficiente para acender a fúria dos que não toleram dissonância. O professor, que deveria mediar e proteger o espaço acadêmico, preferiu o silêncio. Ou pior: a omissão ativa. Chegou a me constranger publicamente por minha escolha, diante da turma, ao ver-me usando a camiseta que eu mesmo mandei confeccionar com o símbolo do cajado de Enki — fruto de uma escolha coletiva anteriormente ignorada — o professor, que deveria ser mediador do saber e exemplo de respeito, aproximou-se em silêncio. Com as pontas dos dedos, como quem manuseia algo sujo ou estranho, levantou o tecido da minha camisa e olhou para mim com desprezo contido. Não houve palavras. Mas o gesto falou mais alto que qualquer frase ofensiva.
Naquele instante, a sensação não foi apenas de constrangimento. Foi de rejeição institucional. A sala inteira viu. E em vez de respaldo, eu fui reduzido. Aquela atitude dizia: “Você não pertence.” E quando parte dessa mensagem vem de um educador, o impacto ultrapassa a zombaria. Torna-se uma violência simbólica — que fere sem gritar, que isola sem prender.
Não era só uma camisa. Era minha voz. Meu direito de expressar uma ideia culturalmente rica e historicamente embasada. Mas naquele gesto frio, eu entendi que, para muitos ali, minha existência autêntica era desconfortável demais.
A senhora B manipulava os colegas com sua retórica sedutora e falsa autoridade. A construção de uma narrativa contra mim se espalhou nos corredores, nas salas, até entre funcionários. Eu me tornei o "problema", não pelo que fiz, mas por representar o incômodo de ser autêntico em um ambiente padronizado pelo medo e pelo ego.
Mas a violência não parou aí.
Ao tentar relatar o caso em uma delegacia, fui recebido com desdém. Uma bacharel em Direito desacreditou minha queixa. A escrivã que me atendeu chegou a zombar do meu relato. Fui humilhado mais uma vez. Quando finalmente aceitaram registrar o Boletim de Ocorrência, omitiram minha fala — e resumiram tudo, sem escuta, à palavra “coação”.
Essa é a dor de quem tenta resistir em ambientes onde a voz dissidente incomoda mais do que a injustiça em si. Essa é a dor de quem tenta se manter íntegro, mesmo sendo empurrado para o isolamento.
Reflexão:
Quantos de nós já fomos silenciados? Quantas vezes instituições — acadêmicas, jurídicas, humanas — ignoram o que realmente importa? E quantas vezes o bullying, mesmo entre adultos, é travestido de “debate”, “opinião” ou “autoridade”?
Contar essa história é um ato de coragem. Mas mais do que isso, é um grito. Um lembrete de que o abuso simbólico pode doer tanto quanto o físico. Que o descaso também é violência. E que calar não deve ser nossa única saída; o caso levanta questões importantes sobre a banalização de práticas de humilhação em ambientes acadêmicos, muitas vezes naturalizadas sob o rótulo de “conflitos interpessoais”. Também revela o despreparo de órgãos públicos para lidar com relatos de violência moral e institucional.
Quando o espaço da educação se torna palco para manipulações e vaidades, e quando o aparato do Estado falha em acolher o cidadão, resta perguntar: a quem recorrer?
O blog “Diário do Carlos Santos” reforça que este é um relato real e abre espaço para outras histórias semelhantes. Respeito, escuta e justiça devem ser premissas mínimas de qualquer instituição.
📌 Box Informativo – Entenda os símbolos em debate
🌀 Cajado de Enki (ou Caduceu Mesopotâmico):
Símbolo associado ao deus Enki na mitologia suméria, é representado por um cajado envolvido por serpentes aladas. É considerado um arquétipo de sabedoria, conhecimento e equilíbrio. Elementos semelhantes aparecem hoje no caduceu, símbolo comum em áreas como saúde, contabilidade e salvamento.
👤 Homem Vitruviano:
Desenho criado por Leonardo da Vinci no Renascimento, representa as proporções ideais do corpo humano segundo o arquiteto romano Vitrúvio. É um símbolo do humanismo renascentista, da ciência e da centralidade do homem no universo.
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