TENSÕES NO ORIENTE MÉDIO E O CAMPO BRASILEIRO: COMO A ESCALADA ENTRE IRÃ E ISRAEL PODE IMPACTAR O AGRONEGÓCIO
Por Carlos Santos
🔍 Zoom na realidade
A guerra nunca acontece em silêncio. Ela reverbera através de mercados, fronteiras, contratos e previsões. A escalada militar entre Irã e Israel, intensificada nos últimos dias com ataques de mísseis, drones e ameaças nucleares veladas, lança uma nova luz sobre o papel do Oriente Médio não apenas como centro geopolítico, mas como o coração logístico da energia global. E onde há energia, há impacto direto sobre a produção, transporte e viabilidade do agronegócio mundial — incluindo o brasileiro.
Neste artigo, exploramos como a guerra entre Irã e Israel pode afetar o agro brasileiro, passando por combustíveis, insumos, câmbio, exportações e segurança alimentar global.
📊 Panorama em números: por que o volume é o “dinheiro invisível” do gráfico?
Indicador | Situação Atual (Jun/2025) | Impacto Previsto com a Guerra |
---|---|---|
Preço do Petróleo (Brent) | US$ 89/barril | Pode ultrapassar US$ 120/barril |
Preço da Ureia (fertilizante) | US$ 370/tonelada | Alta de até 40% |
Dólar x Real | R$ 5,45 | Pressão para R$ 5,80 ou mais |
Exportações do Agro BR | US$ 14 bi/mês | Risco de queda em 5 a 10% |
Seguro Rural | Subvencionado em 20% | Custos podem subir com risco geopolítico |
💬 O que dizem por aí
Diversos analistas internacionais afirmam que o verdadeiro poder do Irã não está em suas ogivas ou exército, mas na capacidade de desestabilizar o fluxo de petróleo mundial pelo Estreito de Ormuz. Cerca de 30% do petróleo comercializado globalmente passa por essa estreita faixa de mar. Uma interrupção ou bloqueio total dispararia os custos logísticos e inflacionários em escala global.
📃 Opinião do autor
A agricultura brasileira é resiliente, mas não é invulnerável. Mesmo distante do conflito, o Brasil sente no bolso quando a rota do petróleo é ameaçada. E não se trata apenas de combustíveis: insumos essenciais, como fertilizantes nitrogenados e fosfatados, têm origem em regiões geopoliticamente sensíveis. Uma guerra prolongada pode acelerar o já existente risco de dependência logística.
Mais do que nunca, é preciso diversificar fornecedores, fomentar indústria nacional de insumos e usar inteligência de mercado para antever movimentos. Ignorar a geopolítica é, no mínimo, negligência estratégica.
🧰 Daqui pra onde?
O agro brasileiro precisa pressionar o governo por uma nova política de fertilizantes.
Investimentos em tecnologia de previsão de riscos e seguros serão essenciais.
O câmbio pode ajudar nas exportações, mas penalizar o consumo interno. Será preciso encontrar equilíbrio.
🧠 Para pensar...
Se uma guerra entre dois países distantes pode afetar o preço do seu alimento, o quão seguro está o seu próprio futuro alimentar?
📦 Box informativo
📚 Você sabia?
O Brasil importa mais de 85% dos fertilizantes que consome.
A cada alta de US$ 10 no petróleo, os custos logísticos da soja sobem 3% em média.
Em 2022, a guerra na Ucrânia causou um aumento de 90% no preço dos adubos em três meses.
O agronegócio representa cerca de 25% do PIB brasileiro.
Geopolítica e agro estão mais conectados do que nunca.
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