Crédito fácil virou regra no Brasil. Entenda os riscos invisíveis, os dados alarmantes e como evitar o endividamento silencioso.
Crédito fácil, dívida certa? Os riscos invisíveis do endividamento no Brasil
Por Carlos Santos
📅 Publicação: 16 de junho de 2025
Em um país onde 8 em cada 10 famílias têm algum tipo de dívida, o crédito se tornou o alívio e o veneno do bolso do brasileiro. Cartões de crédito, empréstimos pessoais, crediários e linhas emergenciais são oferecidos em segundos — muitas vezes por apps que prometem solução e entregam desespero.
Neste post, vamos analisar por que o crédito fácil virou um problema estrutural no Brasil, quem lucra com isso, quais os impactos para o crescimento econômico e, acima de tudo, como escapar da armadilha silenciosa das dívidas.
📚 Ponto de partida: O que é o crédito fácil?
Crédito fácil é toda forma de financiamento de consumo disponibilizada sem grandes exigências de garantias ou análise profunda de risco. No Brasil, ele aparece em modalidades como:
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Cartão de crédito rotativo
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Empréstimos pré-aprovados
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Financiamentos com entrada simbólica
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“Buy now, pay later” (comércio parcelado)
A oferta é tão agressiva quanto sedutora. Segundo o Banco Central, o volume de crédito pessoal concedido sem garantias cresceu 27% em um ano (dados até abril de 2025). E esse crescimento não foi acompanhado pela elevação da renda média da população.
🔍 Zoom na realidade: A dívida virou norma
O endividamento não é mais exceção — virou norma no orçamento familiar. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) revelou que em maio de 2025, o percentual de famílias endividadas chegou a 78,9%, sendo que:
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34% estão com dívidas em atraso
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11% não conseguirão pagar nos próximos meses
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O tempo médio de endividamento ultrapassou 7 meses
A maior parte das dívidas é com cartões de crédito (85%), seguidos por carnês e financiamento pessoal.
📊 Panorama em números – Crédito no Brasil (2025)
Indicador | Valor | Fonte |
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% de famílias endividadas | 78,9% | CNC - maio/2025 |
Juros rotativo do cartão | 434% ao ano | Banco Central |
Inadimplência média | 5,8% | Serasa Experian |
Empréstimos sem garantia | R$ 680 bi | Banco Central |
💬 O que dizem por aí
“O acesso ao crédito deve ser acompanhado de educação financeira. Do contrário, vira um ciclo de empobrecimento.”
— Ione Amorim, economista do Idec
“A inadimplência está relacionada à oferta irresponsável, mas também à baixa renda real do trabalhador.”
— Marcelo Neri, FGV Social
“Quem vive do crédito, sobrevive à beira do colapso.”
— Frase ouvida em mutirão de renegociação da Serasa
🧭 Caminhos possíveis
Para sair da armadilha do crédito fácil, é preciso:
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Conhecer os juros reais: entender o que está embutido nos parcelamentos e nas taxas “mensais”
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Fugir do rotativo do cartão a todo custo
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Evitar compras parceladas sem planejamento
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Utilizar crédito só em situações estratégicas, como investimento em capacitação ou emergência de saúde
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Montar um orçamento mensal com foco em liquidez e controle (inclusive, veja o post anterior sobre isso!)
Além disso, é papel do Estado e do sistema financeiro ampliar programas de educação financeira pública e oferecer alternativas de crédito mais justas, com juros controlados e transparência.
🧠 Para pensar…
O crédito não é o vilão. O problema é quem lucra com a ignorância financeira da população. Quando o sistema é desenhado para emprestar fácil e cobrar caro, estamos falando de um modelo que explora a vulnerabilidade social como oportunidade de lucro.
Quem ganha com isso?
📦 Box informativo
📚 Você sabia?
💳 O rotativo do cartão de crédito no Brasil é um dos mais altos do mundo, com juros que ultrapassam 400% ao ano.
📉 Mais de 72 milhões de brasileiros estão negativados, segundo a Serasa — número que bate recordes consecutivos desde 2023.
📊 O Brasil tem mais de 1,2 trilhão de reais em crédito pessoal circulando, boa parte sem garantia real ou educação financeira.
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