O Canadá iniciou 278 mil novas construções em abril. Entenda o que impulsionou esse salto e seus reflexos para o mercado e brasileiros no país.
Explosão imobiliária no Canadá: construções disparam em abril e acendem alerta global
Por Carlos Santos
Em abril de 2025, o mercado imobiliário canadense viveu um verdadeiro salto. Os dados recém-divulgados revelam que o número de habitações iniciadas no país subiu para impressionantes 278,60 mil unidades, frente a 214,20 mil em março — uma alta abrupta que surpreendeu analistas e agitou os bastidores da economia local e internacional.
Enquanto o mundo enfrenta desafios de juros altos, desaceleração econômica e crise de moradia em diversas regiões, o Canadá avança com um ritmo inesperado no setor da construção. Mas o que está por trás desse crescimento? E o que ele pode significar para investidores estrangeiros, brasileiros que vivem no país e para o mercado global?
Neste post, destrinchamos tudo o que você precisa saber sobre essa virada canadense, seus impactos internos e reverberações externas.
📚 Ponto de partida: O que são “housing starts” e por que eles importam?
O termo “housing starts” se refere ao número de novas habitações cuja construção foi iniciada dentro de um período específico — normalmente, mensal. Esse indicador é um dos termômetros mais importantes da saúde econômica de um país.
Por quê?
Porque o início de novas construções movimenta toda uma cadeia produtiva: mão de obra, insumos, crédito, consumo de bens duráveis e arrecadação pública. É, portanto, um reflexo da confiança do setor, da demanda habitacional e das políticas públicas.
No Canadá, que enfrenta um déficit habitacional crescente — sobretudo nas grandes cidades como Toronto, Vancouver e Montreal —, o aumento desse número pode ser tanto uma resposta às pressões sociais quanto uma estratégia econômica do governo.
📊 Panorama em números
Mês/Ano | Unidades iniciadas |
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Abril/2025 | 278.600 |
Março/2025 | 214.200 |
Fevereiro/2025 | 210.800 |
Mínimo histórico (1995) | 97.300 |
Máximo histórico (2021) | 314.400 |
Essa aceleração em abril é a segunda maior desde a pandemia, sinalizando uma virada de ciclo — ou uma manobra de contenção da crise imobiliária que assombra o país há anos.
🔍 Zoom na realidade: O que explica essa disparada?
Há múltiplos fatores convergindo para esse aumento:
1. Pressão por moradia
O Canadá enfrenta uma grave escassez de imóveis nas grandes cidades. A imigração recorde e o crescimento populacional elevaram drasticamente a demanda habitacional. Para se ter ideia, em 2024, o país recebeu mais de 1 milhão de novos residentes permanentes e temporários.
2. Intervenção governamental
Programas habitacionais como o Housing Accelerator Fund e o Rapid Housing Initiative vêm sendo reforçados pelo governo Trudeau como forma de conter o déficit.
3. Política monetária estável
Apesar de manter juros elevados, o Banco Central do Canadá deu sinais de estabilização, o que reaqueceu a confiança no setor.
4. Oferta de crédito direcionado
O financiamento imobiliário no Canadá continua acessível para projetos de construtoras com foco em habitação social ou aluguel subsidiado.
💬 O que dizem por aí
“O número de abril reflete não apenas um aumento na construção, mas uma resposta à pressão social por moradia acessível.”
– Craig Alexander, economista-chefe do Deloitte Canada
“É uma oportunidade, mas também um alerta. Construir rápido não significa construir certo.”
– Randy Kwan, analista imobiliário em Toronto
“Estamos vendo uma reorientação do setor para atender à demanda urbana e conter bolhas especulativas.”
– Deborah Gill, professora de políticas públicas da McGill University
🌎 Reflexos internacionais: E os brasileiros nessa equação?
Para quem vive no Canadá:
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O aumento das construções pode aliviar pressões nos preços de aluguel, sobretudo nas regiões metropolitanas.
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Brasileiros atuando na construção civil devem ver mais oportunidades e contratos, especialmente em Quebec e Ontário.
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Há expectativa de que projetos com subsídios do governo incluam linhas de capacitação e imigração laboral — uma boa notícia para quem deseja legalização por vias profissionais.
Para investidores:
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O Canadá segue como porto seguro para fundos imobiliários globais, especialmente os focados em aluguel e habitação popular.
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Os FIIs (REITs) canadenses podem apresentar valorização no médio prazo se o ritmo de construção vier acompanhado de uma política de ocupação efetiva.
Para o Brasil:
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Há uma lição de política habitacional a ser observada. O contraste com o déficit brasileiro mostra que investimento público pode movimentar o setor mesmo com juros altos.
🗺️ Daqui pra onde?
Embora o salto seja positivo, a sustentabilidade desse crescimento dependerá de:
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Manutenção do financiamento público
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Acompanhamento da ocupação dos imóveis construídos
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Qualidade e localização das novas moradias
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Resposta da população em termos de demanda
Analistas alertam que um excesso de oferta pode criar microbolhas locais — como já ocorreu em Vancouver no passado —, caso a ocupação real não acompanhe o ritmo da construção.
🧠 Para pensar…
Moradia é um direito ou um produto?
O caso canadense levanta essa pergunta com urgência. A explosão nas construções pode ser vista como um esforço por justiça social ou como uma estratégia para alimentar o setor privado?
Enquanto isso, seguimos num mundo onde casas podem estar vazias, mas pessoas seguem sem teto.
📦 Box informativo
📚 Você sabia?
🏗️ O Canadá precisa construir pelo menos 5,8 milhões de novas moradias até 2030 para equilibrar sua oferta à demanda, segundo o Canada Mortgage and Housing Corporation (CMHC).
💸 O custo médio de um imóvel em Toronto é de CAD$ 1,1 milhão, segundo dados de março de 2025.
🌍 O Canadá é o país do G7 com maior taxa de crescimento populacional — e isso pressiona diretamente a demanda habitacional.
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