💱 EUR/USD em compasso de espera: tensão global e decisão do Fed dominam os mercados
Por Carlos Santos
O mercado de câmbio internacional amanheceu sob forte pressão nesta terça-feira (18), com o par EUR/USD (euro/dólar americano) enfrentando dificuldades para sustentar uma trajetória de recuperação. A conjuntura é marcada por alta aversão ao risco nos mercados globais, um ambiente geopolítico tenso e a iminente decisão do Federal Reserve (Fed), que pode redefinir as expectativas para o dólar nas próximas semanas.
🔍 Zoom na realidade
Nas últimas sessões, o euro tem sido pressionado por fatores que vão além dos fundamentos econômicos europeus. A valorização do dólar ocorre em meio à busca global por ativos considerados seguros — movimento amplificado pelas incertezas envolvendo o conflito entre Israel e Irã, que já entra em seu sexto dia, e pela escalada dos preços do petróleo.
Segundo a Reuters, o Brent operou em alta nesta manhã, aproximando-se da faixa dos US$ 77 por barril, puxado pelas tensões no Oriente Médio e receios de disrupção na oferta global. Como o euro é uma moeda de economias importadoras de energia, a pressão inflacionária adicional no bloco europeu tende a minar seu desempenho frente ao dólar.
Indicador | Valor Atual | Tendência | Fonte |
---|---|---|---|
EUR/USD | 1,1485 | Baixa moderada | FXStreet, 18/06/25 |
Petróleo Brent (barril) | US$ 76,95 | Alta | Reuters |
Inflação na Zona Euro (YoY) | 2,6% | Abaixo da meta do BCE | Eurostat |
Índice DXY (dólar) | 105,47 | Alta | Reuters |
Varejo EUA (Maio/2025) | -0,9% | Queda relevante | Departamento do Comércio |
💬 O que dizem por aí
De acordo com análise publicada pelo portal FXStreet, o par EUR/USD perdeu força de recuperação logo após ensaiar uma subida na sessão anterior, falhando em sustentar níveis acima de 1,1500. A leitura do portal é de que o viés continua negativo enquanto a cotação estiver abaixo de 1,1540.
A expectativa gira em torno da decisão de política monetária do Fed, marcada para esta tarde. A previsão majoritária do mercado é de manutenção da taxa básica de juros na faixa entre 4,25% e 4,50%, mas os investidores estarão atentos ao novo “dot plot” — gráfico que mostra as projeções dos próprios membros do comitê sobre a trajetória futura dos juros.
Segundo a Reuters, qualquer sinal de redução no número de cortes previstos para 2025 poderá fortalecer ainda mais o dólar e colocar pressão adicional sobre o euro.
🌐 Impacto no Brasil: negócios em movimento
O Brasil, apesar de ser uma economia emergente, sente diretamente os efeitos das oscilações no par EUR/USD e da postura do Fed. Um dólar mais forte tende a pressionar a taxa de câmbio no Brasil, elevando o custo de importações e potencialmente contribuindo para a inflação. Isso exige atenção do Banco Central brasileiro em sua política de juros.
Além disso, como o euro é uma das principais moedas utilizadas no comércio internacional, especialmente com parceiros europeus, empresas exportadoras brasileiras que negociam em euro podem enfrentar margens mais apertadas em suas receitas, caso a moeda europeia perca valor frente ao dólar.
Setores mais afetados:
Agronegócio: commodities como soja e café, negociadas em dólares, podem ter maior volatilidade no preço final.
Importadoras de tecnologia e fármacos: podem ser pressionadas por aumento de custos caso o real perca valor frente ao dólar.
Turismo e educação internacional: com a disparada do dólar, viagens e cursos no exterior se tornam mais caros para brasileiros.
Indiretamente, o aumento da aversão global ao risco pode restringir o fluxo de capital estrangeiro para o Brasil, afetando desde o Ibovespa até o financiamento de startups e projetos de infraestrutura.
A decisão do Fed e a instabilidade geopolítica no Oriente Médio são, portanto, mais do que apenas assuntos de política internacional: têm peso real no bolso, nos investimentos e na economia cotidiana brasileira.
🧭 Caminhos possíveis
Cenário 1: Fed sinaliza cortes em breve
O euro pode encontrar espaço para recuperação caso o Fed adote um tom mais "dovish", sugerindo cortes ainda em 2025. Isso diminuiria a atratividade do dólar no curto prazo e poderia levar o par de volta à faixa dos 1,1550.
Cenário 2: Fed mais rígido e geopolítica persistente
Caso o Fed mantenha sua postura firme, indicando inflação persistente ou resistência em cortar juros, o dólar deve se manter forte. Isso, somado à manutenção da tensão no Oriente Médio, pode empurrar o EUR/USD para níveis abaixo de 1,1450.
🧠 Para pensar…
O comportamento do par EUR/USD não reflete apenas dados econômicos frios, mas também sentimentos coletivos do mercado diante de incertezas. Quando o medo toma conta — seja por guerra, recessão ou política monetária — o dólar tende a ser visto como porto seguro. Isso reabre o debate sobre a hegemonia da moeda americana mesmo em um mundo de economias cada vez mais integradas.
✍️ Opinião do autor
O mercado de câmbio está hoje tão sensível às entrelinhas do discurso do Fed quanto aos canhões no Oriente Médio. O investidor brasileiro, que por vezes acompanha o EUR/USD apenas como termômetro do dólar, precisa entender que cada variação reflete um emaranhado de expectativas e medos globais. Em tempos como este, ser prudente não significa se esconder, mas saber exatamente onde e por que alocar seus recursos. A volatilidade é alta, mas para quem tem clareza e estratégia, ela também representa oportunidade.
📚 Ponto de partida
O investidor que acompanha o par EUR/USD deve observar três pilares nos próximos dias:
Comunicado do Fed e coletiva de Jerome Powell.
Dados de inflação e atividade da Zona Euro nos próximos 10 dias.
Atualizações geopolíticas no Oriente Médio.
Esses fatores serão decisivos para os próximos movimentos da taxa de câmbio.
🗺️ Daqui pra onde?
Enquanto não há definição clara sobre os rumos da política monetária dos EUA, o EUR/USD pode permanecer dentro de uma faixa lateral entre 1,1470 e 1,1550. Operadores de curto prazo devem observar os pontos de suporte em 1,1475 e resistência em 1,1545.
A decisão do Fed pode funcionar como catalisador de rompimento dessa lateralização. Uma fala mais amena por parte de Powell pode impulsionar o euro no curtíssimo prazo, enquanto qualquer endurecimento no tom deve favorecer mais compras de dólar.
📦 Box informativo
📚 Você sabia?
O euro é responsável por cerca de 30% das transações globais de câmbio, ficando atrás apenas do dólar.
Em 2024, o par EUR/USD movimentou uma média diária superior a US$ 1,1 trilhão, segundo dados do BIS (Banco de Compensações Internacionais).
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas, é usado como termômetro da força do USD no mundo.
Desde a criação do euro, em 1999, o par EUR/USD oscilou entre 0,82 e 1,60 — mostrando o quão volátil pode ser esse ativo.
Postar um comentário